Na noite da última quarta-feira (14), um fenômeno luminoso cruzou o céu de várias regiões do Brasil e chamou a atenção de milhares de pessoas. Semelhante a uma bola de fogo, com luz intensa e brilho marcante, o objeto foi avistado em estados como Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Tocantins, gerando curiosidade e especulações sobre sua origem.
Imagens e vídeos foram rapidamente compartilhados nas redes sociais, mostrando um corpo brilhante cortando o céu em alta velocidade. O fenômeno foi inicialmente confundido por alguns com um meteoro, mas especialistas confirmaram que se tratava, na verdade, de lixo espacial. A análise foi feita por integrantes da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), que acompanha esse tipo de ocorrência no país.
De acordo com os especialistas da Bramon, o objeto observado era um estágio do foguete Falcon 9, da empresa americana SpaceX, fundada por Elon Musk. Essa parte específica da nave, conhecida como segundo estágio, havia sido lançada em agosto de 2014 durante a missão que colocou em órbita o satélite AsiaSat 8, um equipamento de comunicações geoestacionário voltado para a região da Ásia-Pacífico.
Após cumprir sua missão, o estágio se desacoplou do foguete principal e permaneceu em órbita, tornando-se um dos inúmeros fragmentos de lixo espacial que circundam a Terra. Ao longo dos anos, a trajetória do objeto foi sendo alterada pela ação da gravidade e da resistência da atmosfera, até que finalmente reentrou na atmosfera terrestre, provocando o espetáculo luminoso registrado por observadores.
A identificação foi possível graças à análise de dados e à comparação com informações fornecidas por sistemas de rastreamento de objetos em órbita. O item em questão foi reconhecido como pertencente ao corpo de foguete classificado como Norad 40108, nome usado para catalogar esse tipo de detrito espacial. A reentrada ocorreu de forma controlada pela natureza, ou seja, sem qualquer intervenção direta da empresa ou de agências espaciais.
A ocorrência levantou novamente o debate sobre os riscos e impactos do lixo espacial. Com o aumento das atividades espaciais nos últimos anos, a quantidade de objetos abandonados em órbita tem crescido significativamente. Restos de satélites, estágios de foguetes e peças de missões passadas permanecem circulando o planeta, podendo colidir entre si ou com satélites ativos, além de eventualmente reentrarem na atmosfera, como aconteceu nesta ocasião.
Apesar do susto e da surpresa causados pelo evento, não houve relatos de danos ou quedas de fragmentos em solo. Por ter se desintegrado quase completamente ao atingir as camadas mais densas da atmosfera, o estágio do Falcon 9 transformou-se em um espetáculo visual, inofensivo do ponto de vista prático.
Casos como esse reforçam a importância de iniciativas de monitoramento como a Bramon, que auxiliam na identificação rápida desses fenômenos e na disseminação de informações precisas para a população, evitando alarmismos e contribuindo para o conhecimento público sobre o espaço.
Estas são imagens de moradores da Barra de Caravelas ao avistarem as luzes que se moviam no céu.