Bárbara Martau/Opovonews
O ex-secretário municipal de Planejamento de Teixeira de Freitas, Rogério Augusto da Silva Pinto, participou nesta segunda-feira, 4 de agosto, do programa do Meio-Dia, apresentado por Tyago Ramos na Rede Sul Bahia de Comunicação, para explicar os motivos de sua saída do governo de João Bosco (PT). A exoneração de Rogério Augusto, que estava no cargo desde o início da atual administração, em janeiro de 2013, foi publicada no Diário Oficial do município no dia 2 de junho. Ele disse que foi demitido de forma desleal e acusou o prefeito de não honrar sua palavra no pagamento da dívida relativa à confecção do plano de saneamento básico.
O ex-secretário salientou que não pediu exoneração, ao contrário do que foi publicado no Diário Oficial do município. “Eu fui colocado pra fora, fui demitido. Quando cheguei de Salvador o novo secretário já estava ocupando a minha cadeira. Não houve nem o passamento do cargo”, afirmou.
Bastante magoado com o prefeito, a quem considerava um amigo e companheiro de partido, Rogério disse que João Bosco agiu sem ética ao demiti-lo por e-mail e sem sequer um aviso prévio. “Foi deslealdade, não precisava. Ele poderia ter me chamado, ter dito que ia me demitir, ter me dado um aviso prévio de 30 dias. Muitos me disseram que foi uma covardia”, comentou. “Se eu for falar da ética de Sócrates, vou dizer que o prefeito João Bosco não tem ética.”
O ex-secretário lembrou que foi procurado por João Bosco em Salvador para que assumisse como secretário de Planejamento. “Não fui eu que pedi o cargo. Eu nem queria.”
Para ele, foi muito difícil desenvolver o trabalho na secretaria. “Desde o começo fomos cerceados de fazer nossa equipe, de organizar nosso trabalho, mas pensei que o prefeito mudaria o procedimento ao longo do curso.”
Dívida
Não bastasse a forma como foi demitido, Rogério Augusto ainda herdou uma dívida de aproximadamente R$ 120 mil relativa ao plano de saneamento, feito para que o Ministério das Cidades liberasse o dinheiro do PAC. “João Bosco está usando esse plano mas não honrou com o pagamento daquelas pessoas que trabalharam no projeto. Se ele achava que eu não deveria fazer o plano, que não se comprometesse em pagar, que não desonrasse os companheiros que o ajudaram. Isso que eu acho pior, a falta de respeito àquele que se chama companheiro de partido.”
Rogério admitiu que não há qualquer documento assinado por João Bosco para o pagamento da dívida. “Na época achei que haveria o compromisso desse pagamento, e como estávamos preocupados com o PAC, cuidei de correr atrás para fazer o dever de casa. Ele (João Bosco) pegou o plano, me agradeceu, levamos para a Caixa. Me disse que iríamos resolver esse pagamento. Eu vendi meus bens para pagar uma dívida que deveria ser paga pelo prefeito”, lamentou.
Ele disse estar vivendo uma situação financeira muito difícil e espera contar a ajuda da população para conseguir quitar essa dívida. “Estou passando por um constrangimento muito grande. Já me desfiz de um carro e de um terreno, mas preciso que a população me ajude”. No próximo dia 31 haverá um almoço de solidariedade a fim de angariar fundos.
Falta de seriedade
O ex-secretário afirmou que não há seriedade no governo João Bosco, a quem acusou de não cumprir o que consta no plano de governo, que deveria ser popular e democrático. “O governo está distante do princípio pregado pelo PT, que é a participação popular. Eu acho que foi por isso que ele me botou para fora”, afirmou.
Rogério acredita que incomodou a atual administração porque queria que a população participasse do plano de saneamento. “O prefeito queria que eu fizesse o plano dentro de um gabinete fechado, com quatro ou cinco pessoas, e eu levei para a população discutir. Eu disse a ele que o plano tem que ser participativo, a população tem que ser consultada, que é lei sancionada pela presidente Dilma, e ele não queria isso.”
Segundo Rogério, há informações, ainda não confirmadas, de que houve modificações no texto original do projeto. “Se isso for verdade, pediremos providência ao Ministério Público, pois o atual plano foi aprovado pela Câmara e apresentado ao Ministério das Cidades, portanto não pode ser modificado.”
A maior preocupação do ex-secretário é que o plano de saneamento seja implementado e não se torne apenas um papel na gaveta, pois o texto contém questões importantes para a sociedade, como esgoto, água e lixo. Mas, de acordo com ele, até o momento não foi feita uma reunião para a implementação do projeto.
Monstro
Rogério Augusto disse que o lugar de João Bosco não é no Partido dos Trabalhadores, devido à forma como desleal como age, e que não vai descansar enquanto não tirar o prefeito do poder, “porque ele não tem nenhum mérito para estar no cargo que ocupa”.
“Se a gente ajudou a criar o monstro agora tem que se desfazer desse monstro, porque Teixeira de Freitas não merece essa criação que de forma aberrante está trabalhando contra o que foi apregoado no programa de governo, o qual eu acho que o prefeito nunca leu”.