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Ex-deputado Alencar Furtado, expoente da luta contra a ditadura e avô do deputado Uldurico Junior, morre aos 95 anos

A política brasileira está de luto. Faleceu na madrugada desta segunda-feira (11 de janeiro), em Brasília, o advogado e ex-deputado federal Alencar Furtado, aos 95 anos, vítima de insuficiência renal. Sua vida política foi marcada pela luta contra a ditadura no país.

Alencar Furtado deixa a esposa, Miriam Alencar Furtado, e as filhas Stael, Thais e Dioneé. Ele era avô do deputado federal Uldurico Júnior e sogro dos ex-deputados federais Uldurico Pinto e Chico Pinto.

Alencar Furtado formou-se advogado em 1950, pela Faculdade de Direito do Ceará, onde conheceu e casou com a colega de turma Míriam Cavalcanti Alencar. O casal transferiu residência para o município de Paranavaí, no norte do Paraná.

Em novembro de 1966, foi eleito deputado estadual e em 1970, deputado federal pelo Paraná. Em janeiro de 1971, fundou o grupo dos “autênticos” do MDB, formado por 23 parlamentares, ala mais à esquerda da bancada oposicionista. Esse grupo teve papel decisivo para a derrubada da ditadura militar, implantada no Brasil em 1964. Foram os únicos parlamentares que mantiveram seu voto de protesto quando da eleição do General Geisel pelo colégio eleitoral.

Alencar Furtado foi o último político cassado no governo Geisel. Em 30 de junho de 1977, teve seus direitos políticos suspensos por dez anos em consequência do pronunciamento feito três dias antes, em programa de rádio e televisão do MDB, onde rendeu homenagem a parlamentares cassados, presos e exilados. No pronunciamento que, aos olhos da ditadura, justificaria sua cassação, o destemido deputado denunciou a existência no Brasil de “filhos órfãos de pais vivos – quem sabe – mortos talvez” e de esposas viúvas “com os maridos vivos, talvez, ou mortos, quem sabe”. O tema do qual tratou o discurso está retratado no livro escrito por Alencar Furtado intitulado “Órfãos do Talvez”.

Após sua saída forçada da vida política, retomou a carreira de advogado. Durante o ano de 1978, empenhou-se na campanha de seu filho, Heitor Alencar Furtado, que foi eleito deputado federal pelo Paraná com apenas 22 anos.

De volta à cena política após a decretação da anistia pelo presidente João Figueiredo, foi reeleito deputado federal em 1982 pelo PMDB. Durante a campanha eleitoral, seu filho Heitor, que concorria a uma vaga na Assembleia Legislativa paranaense, foi assassinado a tiros por um policial, com apenas 26 anos de idade, fato que o abalou profundamente. No pleito de 1986, disputou o governo do Paraná pelo PDT, mas foi derrotado pelo atual senador Álvaro Dias por poucos votos.

Alencar Furtado foi presença marcante nos principais momentos que levaram o país à democracia. Ele disputou a presidência da Câmara dos Deputados e perdeu por pouquíssimos votos. Costumava frisar que, se tivesse ganhado a disputa e estivesse na presidência da Câmara na época da morte de Tancredo Neves, assumiria a Presidência da República no lugar de José Sarney e seu primeiro ato seria convocar eleições diretas no Brasil, o que seria uma mudança na história do nosso país.

Em 2012, Alencar Furtado e mais 172 deputados cassados recuperaram simbolicamente seus mandatos.

Ele foi autor de diversos livros. O mais recente, lançado em 2017, foi “Um Pouco de Muitos: Memorizando”.

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