Bárbara Martau/Opovonews – Fotos: Bárbara Martau/Opovonews
Demora na chegada de ambulâncias, falta de atendimento que muitas vezes resulta na morte do paciente e insensibilidade por parte do profissional que atende as ligações do 192 são as principais reclamações em relação ao Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) de Porto Seguro. As constantes queixas que chegam aos vereadores levaram o diretor clínico do Samu, Carlos Sarquis, a comparecer à tribuna da Câmara Municipal, na última quinta-feira, 14 de agosto, para esclarecer sobre o atendimento prestado no município.
Com relação aos casos em que a solicitação de ambulância é negada, Sarquis explicou que toda ocorrência na qual o tempo de resposta ou o tipo de transporte significar risco de sequela ou de morte para o paciente é caso de Samu. “Se não preencher esses requisitos, não é Samu.”
A Central de Regulação localizada em Eunápolis abrange oito municípios e conta com dois médicos reguladores a postos 24h por dia, sete dias da semana, para atender todos os chamados feitos pelo telefone 192. Cada um desses médicos controla quatro cidades.
Segundo Sarquis, o regulador em nenhum momento nega atendimento por vontade própria. “Queria poder atender todos os chamados, mas não temos ambulância para todo mundo, e isso não acontece só no Samu de Eunápolis ou de Porto Seguro, mas em todo o Brasil.”
O diretor clínico disse que o regulador tem que ter cautela porque quando estão todas as ambulâncias em atividade ele assume um risco gravíssimo, pois paralisa o Samu. “Durante esse período não pode haver nenhum acidente, já que não haverá ambulância.”
Porto Seguro tem atualmente quatro ambulâncias, sendo uma avançada, com um médico de plantão 24h, e três ambulâncias básicas. Duas (uma avançada e outra básica) ficam na cidade de Porto Seguro e as outras duas ficam nos distritos de Arraial d’Ajuda e Trancoso. “Porto Seguro tem uma geografia complicada, em formato de ‘T’, dificultando a agilidade do acesso, principalmente em Arraial e Trancoso. Um atendimento do Samu demora em torno de 50 a 60 minutos, por isso há um tipo de cautela do regulador em liberar ambulância nesses distritos”, justifica.
Número de chamados
A Central de Regulação recebe por mês entre 3,5 mil e 4 mil ligações, sendo pelo menos cem chamados por dia e outras 200 ligações de trotes. “Isso força o profissional a ter que confirmar os dados para descartar a hipótese de que seja trote”, explicou. Esse total de ligações resulta, em média, em 350 envios mensais de ambulâncias em Porto Seguro.
Demora no atendimento
Em relação à demora na chegada da ambulância ao local do chamado, que segundo alguns vereadores seria motivada pela mudança da Central de Regulação de Porto Seguro para Eunápolis, o diretor clínico garantiu que o local da regulação não interfere em nada no tempo de resposta do atendimento, pois as ambulâncias que atendem as ocorrências em Porto Seguro não saem de Eunápolis, mas da sede do Samu em Porto Seguro. “Quando você liga para o 192 cai na Central de Regulação em Eunápolis. Essa central acessa, via rádio ou via celular, a ambulância da cidade de onde partiu a solicitação, que é enviada prontamente ao local.”
O Ministério da Saúde determina que o tempo médio de chegada da ambulância no local onde está o paciente seja de 10 minutos, observou Sarquis, admitindo que nem sempre essa meta é cumprida. Ele salientou que a demora é causada não apenas pela geografia complexa de Porto Seguro, mas também quando há mais de uma ocorrência ao mesmo tempo.
“Se todas as ambulâncias estão ocupadas no momento da solicitação, acaba demorando mais para prestar o atendimento. Mas mesmo assim o médico regulador tem que informar ao solicitante de quanto tempo será a espera.”
Segundo ele, informações incompletas passadas pela pessoa que liga para o 192 também impedem, muitas vezes, que seja prestado o atendimento. “Precisamos das respostas para chegarmos ao local e muitas vezes não temos. Se a ambulância não chega, temos que ver se o solicitante passou os dados corretamente.”
Falhas pontuais
O diretor clínico admitiu que há algumas falhas no Samu, mas que são pontuais. Ele afirmou que orienta todos os membros do Samu, especialmente os médicos reguladores, a terem civilidade e tratarem a população como se fosse um membro da própria família, mas que erros acontecem. “Peço que, quando ocorrer falha, a pessoa procure o Samu para que possamos investigar e dar satisfação sobre o que ocorreu.”
Central em Eunápolis
Uma das maiores críticas dos vereadores diz respeito à mudança da Central de Regulação para Eunápolis, ocorrida em 2011. “Quando a Central de Regulação ficava em Porto Seguro o serviço do Samu não era excelente, mas era bom, e agora é alvo de inúmeras denúncias”, observou o vereador Evaí Fonsêca. “Pelo histórico de Porto Seguro, a central tem obrigação de retornar para o município”, afirmou.
Sarquis rebateu a crítica afirmando que, pelo contrário, houve melhora no serviço prestado. “O atendimento não piorou, mas melhorou. Antes havia mais ambulâncias porque o Samu usava as ambulâncias simples do município, mas o paciente era apenas transportado para o hospital, sem acompanhamento médico. Hoje o paciente recebe não só o transporte, mas atendimento médico.”
Custo
De acordo com Sarquis, os recursos para manter o Samu provêm 50% do governo federal, 25% do governo estadual e 25% do município. “Mas os municípios acabam colaborando com quase 50% desse total”, revelou.
O diretor clínico disse que até 2012 Porto Seguro tinha apenas três ambulâncias – duas em Porto e uma em Arraial. Até que fosse aprovada a quarta ambulância do Samu, a equipe de Trancoso foi mantida 100% com recursos municipais, o que ocorreu durante todo o ano de 2013.