Dia da Marinha Mercante Brasileira, decretado pelo primeiro-ministro Tancredo Neves, em 1962, na data de nascimento do Visconde de Mauá, patrono da Marinha Mercante, para valorizar aqueles que contribuem de forma especial para o desenvolvimento de nosso país.
Em decorrência, talvez, da existência de diferentes datas relacionadas a temas similares, ocorre alguma confusão sobre o que se tem a comemorar em cada uma delas. Assim, acabamos vendo, todos os anos, marítimos demonstrando entusiasmo por um evento criado por quem não demonstra compromisso efetivo com a existência de marítimos trabalhando em boas condições e recebendo remunerações compatíveis com as responsabilidades que desempenham na atividade de transporte marítimo.
Dia marítimo por dia marítimo, temos, há mais de meio século, o nosso próprio Dia da Marinha Mercante Brasileira, aquele decretado por Tancredo Neves em 1962, em um momento delicado da nossa história político-democrática, estabelecendo o 28 de dezembro, data de nascimento do Visconde de Mauá – patrono da Marinha Mercante brasileira, como data apropriada para reconhecer o valor daqueles que contribuem de forma muito especial para o desenvolvimento de nosso país. Na ausência cada vez maior de armadores de capital nacional e de embarcações arvorando nosso pavilhão, resta o nosso marítimo como o que, de fato, ainda se pode reconhecer como Marinha Mercante genuinamente brasileira.
Comemorar o Dia Marítimo Mundial da IMO e se entusiasmar com pequenos pedaços de metal e fita colorida que podem ser oferecidos às dúzias nesta data, para satisfação de orgulhos individuais, representa um contrassenso diante da gritante falta de atenção daquela organização às questões que realmente importam aos marítimos, além de um devaneio, considerando a real situação em que se encontra a nossa bandeira na atividade marítima.
Enquanto a IMO não demonstrar compromisso efetivo com a segurança e com o respeito ao direito dos marítimos de trabalharem nesta atividade, em condições justas, em suas próprias águas nacionais, não faz sentido que os marítimos se entusiasmem com a comemoração do Dia Marítimo Mundial. O entusiasmo apenas legitima o que não deveria existir.