Franedir Gois/OPovonews
Volta Miúda, comunidade de Caravelas, na Bahia realiza nesse 4 de agosto um dia todo especial para a cultura quilombola que rememora a história dos antepassados que tem por tradição celebrar com música, dança e festas de várias influências, inclusive com EMBARRAMENTO, a construção de uma casa de taipa trabalhada em mutirão.
Presentes em Volta Miúda – Os nativos que vieram de várias comunidades, os visitantes que vieram dos Estados Unidos. Os parceiros que vieram de Vitória: Gilmar Spaviero e Bruno Locateli. A parceira UNEB, através do diretor e
demais membros. Arte Manha(Jaco, Itamar e demais representantes), Helvecia (Fautina e companhia), Apoio de Dr. Júlio Rocha (UFBA), Tonhão, Carlinhos e Família. Mestre e companhia.
A vinda de Mestre Jamaika e amigos americanos motivou a celebração que reuniu centenas de pessoas advindas de toda região do Extremo Sul da Bahia. Mestre Jamaika é um nativo quilombola da comunidade que há mais de 25 anos mora nos Estados Unidos da América. Jamaika trouxe, sua esposa americana, Amanda Mery Glenn Romualdo e amigos: Raquel, Pipoca, Peixe, Terra, Bebum, Formiga, Água Viva e Ana.
A celebração iniciou pela manhã e encerrou no fim do dia. Uma celebração que envolveu o cavar, o pisar e preparatório do barro, até a postagem nas paredes da casa a ser construída. Uma cantiga preponderante que se ouviu, ao longo do dia: *** Ô lê lê, Ô lá lá, Volta Miúda não pode parar ****.
No meio da celebração festiva que envolve dança, cantoria, batucada e trabalho de mutirão a casa aos poucos foi sendo construída. Mestre Jamaika na alegria protagonizando a tradição de sua gente.
Volta Miúda não pode parar. A comunidade canta e dança juntando a alegria, a força e os valores dos seus ancestrais. Junto com mestre Túla e os membros de comunidades da região.
A junção de americanos com nativos fortalece a tradição e contagia a todos os presentes. Um dia histórico para a comunidade quilombola de toda região.
O verdadeiro sentido da tradição do embarramento está contido, na garra e força da união entre as pessoas, na busca de manter viva suas raízes.
O barro que é cavado, depois pisado para servir como base para a construção das paredes.
Mestre Jamaika revivendo o passado fortalecendo o presente, não deixando para traz suas raízes.
Amanda Mary Glenn, ela que tem em sua certidão de casamento o sobrenome Romualdo, por ser esposa de Jamaika, o filho de Volta Miúda. Amanda já esteve em mais de 60 países, mas, faz questão de dizer que gosta do Brasil, da maneira que os brasileiros, sobretudo Volta Miúda a recebe com carinho e respeito.
Dona Maria Decilia, mãe do mestre Jamaika e a tia, dona Vera Lúcia Nascimento Maximiliano falam com emoção dos tempos em que o garoto começou a ter atitudes de um jovem promissor.
Maria Pureza e outros líderes das comunidades falam da importância da coletividade e dos trabalhos que eram realizados no passado. “Naquele tempo todo mundo era feliz, ninguém adoecia fácil, ninguém reclamava de nada. Fui babá, cozinheira, morei em Nanuque, no Rio de Janeiro, em Vitória. Hoje eu sou feliz”. Disse.
Gilmar Spaviero e Bruno Locateli vieram de Vitória para registrar e fortalecer a celebração que juntou capixabas com baianos e americanos.
Angélica, crianças, membros da comunidade juntos na mesma pegada da construção da casa de taipa, embarrando.
Jaco Galdino, historiador e documentarista da região fala da importância da prática dos povos tradicionais. O material é todo retirado da natureza, casa é biodegradável e tem duração de 15 a 20 anos.
Depois da casa construída, a comunidade dança no entorno e mais uma vez a música: ô lê lê, ô lá lá, Volta Miúda não pode parar.
A dança e as cantorias realizadas no interior da casa construída. Todos juntos cantando e celebrando com alegria o encerramento de um trabalho que ao longo do dia foi repleto de luta e sacrifício, com a chuva, com o sol e as estradas ruins que dificultaram a chegada de mais pessoas.
Mestre Jamaika fala de sua infância para os americanos. Relembra de momentos importantes. Ele agradece a Célio Leocádio, sua mãe e sua família que empreendem a comunidade.
Gildo pescador, presente abrilhantando a celebração do embarramento, veio de Caravelas e agradece a Volta Miúda. Gildo também fala importância do rádio para as pessoas, sobretudo para o pescador.