Cientista político entende que questões morais e interesses das igrejas motivam o engajamento intenso das igrejas no período eleitoral.
A representação que se faz de si é de um engajamento político como consequência de motivações das atividades religiosas. Neste caso, o engajamento é representado uma necessidade e responsabilidade adquirida por meio de suas atividades religiosas, sendo construída a perspectiva de que o trabalho político é “trabalho social a favor do mais sofrido”. Nessa lógica, seria incompatível falar: “que rezo ou que estou na Igreja, se eu não tiver fazendo trabalho pelo social”. A concepção é de a religião exige práticas pelo “social” que vão além da “reza”.
84Essa legitimidade religiosa procura revelar uma concepção de que a política é algo a fazer bem aos outros, uma forma de construir um “bem comum” e estar a serviço da comunidade.
A política era representada como algo sujo e passa a ser vista, pelo menos discursivamente, como uma forma de atuação para melhoria das condições sociais. Neste caso, o palanque passava a ser algo procurado ao invés do afastamento.
As preocupações com o “social” não deixam de ser preocupações morais e éticas religiosamente orientadas. Martins (ibidem) evidencia que no “cotidiano das populações do campo, e não só delas, o sagrado e o profano se mesclam. O religioso e o não religioso estão combinados na mentalidade do homem comum, embora ele mesmo os hierarquize segundo seus próprios critérios culturais”. As lideranças religiosas que se engajavam na “política”, possivelmente mesclavam seus interesses políticos e religiosos que não têm um “sentido puro”, pois estão permeados de “razões, emoções, valores e convicções” que acabam por se mesclar.
Conteúdo de Material manuscrito de Dona Cora.