A força-tarefa que atua nas buscas por Lázaro Barbosa de Sousa — acusado de cometer diversos crimes como homicídio, estupro e roubo — enfrenta obstáculos devido às características da região, às habilidades do suspeito de sobreviver na mata e, também, à circulação de informações falsas. O disque-denúncia da Polícia Civil de Goiás recebeu mais de 1 mil ligações em 24 horas, nessa segunda-feira (21/6). No entanto, a maioria era trote ou tinha declarações sem relevância para a investigação. O vestígio mais recente associado ao fugitivo apareceu há quatro dias, quando as equipes o viram, segundo o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda.
Apesar dos desafios, o secretário acredita que o cerco em volta de Lázaro se torna mais estreito a cada dia. Na segunda-feira (21/6), o Exército Brasileiro enviou à megaoperação 40 rádios-comunicadores, para ajudar nas buscas. “A força-tarefa tem recebido doações, apoio material e moral de vários setores da sociedade. Os policiais nunca estiveram desamparados”, informou a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), em nota. Nesta terça-feira (22/6), completam-se duas semanas desde que o suspeito desapareceu, após matar uma família em Ceilândia Norte.
Com medo do criminoso, os habitantes de Cocalzinho (GO), onde se concentram as buscas, tentam se proteger como podem. Bombeiro militar da reserva, Edmar de Siqueira, 52 anos, conta que anda com um facão na cintura quando está na chácara da qual é dono, em Girassol — distrito do município goiano.
Problemas geográficos
Doutorando em geoprocessamento e análise ambiental na Universidade de Brasília (UnB), o geógrafo Elton Souza Oliveira explica que a região entre o centro de Cocalzinho de Goiás e o povoado de Girassol é composta por áreas de vale que incluem “cursos d’água, com presença de encostas com relevo mais acidentado e de difícil acesso”.
Em relação à locomoção de Lázaro pela região, o geógrafo ressalta que o relevo acidentado em alguns pontos é um problema para a mobilidade, devido à presença de subidas e descidas íngremes, as quais podem levá-lo a se mover mais devagar ou a cansá-lo mais rápido. “Entretanto, a presença de rios com matas de galeria permite que ele se desloque sem ser visto, além de proporcionar água para se manter hidratado. Os cursos que existem nessas matas são de baixo fluxo, não chegam a ser um obstáculo para travessia. O agravante maior é a questão do relevo, com presença de grotões ou barrancos altos”, ressalta.
Desafios
Morador de Girassol há 27 anos, Rodrigo Santos de Sousa, 38, é motorista e guia turístico. Antes de assumir esses ofícios, visitava constantemente a área rural da cidade. “Meu avô tinha uma fazenda, e eu sempre vivi por aqui (em Cocalzinho)”, comenta. Para ele, o que dificulta as buscas por Lázaro é a falta de familiaridade dos policiais com o local. “Eles não conhecem a região. Claro que são preparados, mas a vantagem que Lázaro tem é de conhecer tudo. Ele consegue andar à noite e saber para onde vai. Aqui, temos diversos acessos e saídas. Quem conhece bem o lugar consegue usar isso a favor. O que atrapalha também são as informações falsas: o pessoal fala que ele está aqui (em Girassol); depois, que está em Edilândia”, opina.
Segundo a polícia, o homem tem experiência de andar e viver em zonas de mata. Ele teria prática desde novo, ainda em sua cidade natal, na Bahia.
Também há relatos de que o suspeito se esconde em árvores e já foi visto em um chiqueiro de animais. A polícia acredita que Lázaro anda pela água, para não deixar pegadas.