Por Sandrão Fernandes
Trazida do Espírito Santo na adolescência, vítima era agredida e tinha de cumprir jornada de trabalho exaustiva, sem folgas ou saláririo.
A Polícia Civil prendeu nesta sexta-feira um casal de idosos, ele de 71 anos e a mulher de 64, acusado de manter uma jovem em situação análoga à de escravidão por 11 anos.
Os dois foram localizados a partir de uma denúncia anônima em uma casa no bairro Boa Vista, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
Segundo a 76ª DP (Niterói), responsável pela prisão, na década de 80 Jarbas Tavares Oliveira e Rosalina Postiga Tavares trouxeram uma menina, então com 13 anos, da cidade de São Mateus, no interior do Espírito Santo, para o Rio de Janeiro.
Órfã de pai e mãe, a adolescente iria exercer a função de empregada doméstica do casal. Contudo, ainda de acordo com a polícia, a vítima era submetida a humilhações constantes, além de agressões físicas e verbais.
Durante o tempo em que permaneceu com Jarbas e Rosalina, a jovem foi obrigada a cumprir uma jornada de trabalho exaustiva, sem folgas ou pagamento de qualquer salário. Ela também não podia frequentar a escola e era probiida de assistir televisão, sair da cozinha ou de ter contato com outras pessoas da residência. Sem documentos, a adolescente possuía apenas a certidão de nascimento
Ainda conforme o que foi divulgado pela Polícia Civil, a situação permaneceu inalterada de 1989 até o ano 2000. Foi quando, à época já com 25 anos, a vítima conseguiu fugir para a casa de um vizinho após mais uma sessão de agressões.
A jovem recebeu ajuda para retornar para a terra natal, e o caso só veio à tona semanas depois, quando o Ministério Público de São Gonçalo recebeu uma carta anônima denunciando o ocorrido, o que deu início a uma investigação conduzida pela 72ª DP (São Gonçalo).
Jarbas e Rosalina acabaram condenados a seis anos por manter alguém em condição análoga à escravidão. Após a prisão, ocorrida 21 anos depois da fuga da vítima, o casal foi encaminhado para a Cadeia Pública.