Além do presidente brasileiro, participarão líderes de Chile, Colômbia, Espanha e Uruguai. Segundo auxiliares de Lula, nenhum dos organizadores cogitou chamar os EUA, e tampouco a atual administração de Donald Trump demonstrou interesse
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta quarta-feira (24) de uma reunião com os líderes do Chile, Colômbia, Espanha e Uruguai para discutir a defesa da democracia e o combate ao extremismo. O encontro será realizado em paralelo à Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
A agenda inclui debates sobre como fortalecer a democracia e o multilateralismo, além de estratégias para enfrentar o extremismo, a desinformação e o discurso de ódio. A expectativa é reunir representantes de cerca de 30 países.
Diferentemente do ano passado, quando os Estados Unidos participaram da primeira edição do fórum ainda sob o governo Joe Biden, neste ano o país não foi convidado. Segundo auxiliares de Lula, nenhum dos organizadores cogitou chamar os EUA, e tampouco a atual administração de Donald Trump demonstrou interesse.
O evento é articulado por Lula com os presidentes Gabriel Boric (Chile), Pedro Sánchez (Espanha), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai). Todos estão em Nova York para a 80ª Assembleia-Geral da ONU, aberta na terça-feira (23) com o discurso de Lula.
No mesmo dia, Trump discursou logo após o brasileiro. O presidente americano disse que se encontrou rapidamente com Lula antes de subir à tribuna e que os dois acertaram uma reunião para a próxima semana. A expectativa é de que o encontro ocorra por telefone ou videoconferência.
Trump relatou ter tido “uma química excelente” com o petista. “Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química, e isso é um bom sinal”, disse.
Apesar do tom amistoso, a diplomacia brasileira avalia com cautela a possível conversa. No Itamaraty, a orientação é preparar o encontro com minúcia, para evitar constrangimentos como os sofridos por líderes estrangeiros em reuniões anteriores com Trump, entre eles o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, e o da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
Essa é a primeira viagem de Lula aos Estados Unidos desde a posse de Trump, em janeiro. O deslocamento ocorre em meio à maior crise diplomática das últimas décadas entre os dois países, após a imposição de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros como retaliação ao julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na ONU, Lula afirmou que a democracia e a soberania brasileiras são “inegociáveis” e classificou como “inaceitável” qualquer agressão ao Judiciário. O petista também condenou “falsos patriotas” e rejeitou a possibilidade de anistia a quem ataca a democracia.